Este tratado sobre a música divide-se em duas partes: a primeira, mais técnica, contém uma exposição completa das regras da rítmica e da métrica, ela compreende os cinco primeiros livros. A outra, mais filosófica, forma de certo modo a moral da obra, o autor analisa, aí, os movimentos do coração e do espírito humanos, os movimentos dos corpos e do universo, remontando de harmonia em harmonia, como que por meio de uma escadaria mística, até chegar à harmonia eterna e imutável, Deus, princípio de todos os movimentos e autor da lei que os submete à ordem — em outras palavras, o autor da harmonia em todos os graus. Desse ponto de vista elevado, Agostinho medita levando em conta todos os movimentos da alma e do corpo, sempre harmoniosos, ainda que em diferentes graus, pois que são uma consequência das leis divinas. E ele convida a alma a ascender, de beleza em beleza, até aquela soberana, liberando-se pouco a pouco dos entraves da mortalidade.