O escrúpulo não passa de um vão temor de pecar causado por apreensões que não têm motivo algum. O escrúpulo é uma pena de espírito, uma ansiedade da alma que faz que a pessoa creia ofender a Deus em todas as suas ações, e nunca se quitar dos seus deveres suficientemente perfeitos. É uma dúvida que não é fundada, ou que só o é mui ligeiramente, e que perturba a consciência e a enche de inquietações. É um vão terror, um receio extremado de achar pecado onde realmente não o há, nascendo daí na alma uma angústia que a torna irresoluta e inquieta.
O escrupuloso só vê uma série de pecados em todas as suas ações, e em Deus vingança e cólera. Ora, esse temor de pecar ou de haver pecado em tudo e a toda hora, esse contínuo pavor que só repousa nos mais fracos indícios, enche entretanto o coração de angústias e de perplexidades, falseia o juízo, destrói a paz interior, gera a desconfiança e a tristeza, afasta dos sacramentos, altera a saúde do espírito e até mesmo a do corpo.
Nada é mais nocivo naquele que tende à perfeição e que se deu a Deus, do que os escrúpulos.