Nas obras que integram este volume, Agostinho revela seu grande conhecimento e amor pela Palavra de Deus, a fineza de observação, a penetração psicológica, a descoberta interior e o sentido da graça evangélica que unifica o ser humano. Em O sermão da montanha se exaltam o valor da simplicidade e a pureza de coração, que se tem quando a fé age mediante a caridade, mas que exigem empenho em conformar a vida à própria fé, como se lê em A fé e as obras. Crer, purificar-se e adequar a vida ao conteúdo da própria fé não são questão de credulidade, mas de atenção a indícios que remetem à verdade, como consta em A fé nas coisas invisíveis. Com a esperança e a caridade, como se vê no Enquirídio, a fé se traduz em um viver sábio, que consiste na verdadeira piedade que cultua a Deus. A fé cristã, portanto, é um modo de vida, em relação com Deus e com o mundo que circunda o fiel, a partir de um conteúdo específico, o do Credo, síntese das Escrituras, como o bispo de Hipona expõe em O Símbolo aos catecúmenos.