Fausto de Riez - abade, teólogo, bispo, convicto defen-sor e promotor da ortodoxia niceno-constantinopolitana - tem no equilíbrio o centro contínuo da verdadeira Tra-dição. Nesse sentido, chave fundamental para a leitura de suas obras é o conceito de Via régia: a arte do homem unificado, edificado espiritualmente, de coração indiviso. Ele usa tal conceito contra os excessos e imprecisões do arianismo e do macedonianismo, do pelagianismo e do predestinacionismo - heresias que circulavam pela Gália do século V. Embasado nas Escrituras, o bispo de Riez inteligentemente sustenta a colaboração entre o dom divino e o empenho humano em ambas as obras que o leitor tem em mãos. No Tratado sobre o Espírito Santo, ele defende a divindade da terceira pessoa da Santíssima Trindade em igualdade com as outras duas, das quais procede, e aponta nas experiências batismal e espiritual uma prova dessa divindade. Graças a sua divindade, o Espírito Santo é um antídoto contra antinomias e divisões. Já o Tratado sobre a graça é uma lúcida e pertinente extensão das decisões dos Concílios de Arles (473) e Lião (474) contra a doutrina pelagiana e suas consequências: a importância ou só das obras ou só da graça para a salvação. Fausto demonstra a eficácia e a debilidade da vontade, que permite ao ser humano, com a ajuda da graça, chegar à salvação pelas obras.