O fenômeno da estigmatização mística é um exemplo significativo dos infinitos desdobramentos que a incidência da palavra pode produzir na substância corporal, redimensionando o valor do corpo na economia psíquica e na formação de laços sociais. Este estudo vem se somar a outros em que a psicanálise, na tradição inaugurada pelo próprio Freud, busca entender a cultura e seus "sintomas". O autor, entretanto, de forma muito feliz, não cai num reducionismo "psicologizante", tão comum em casos semelhantes. A dignidade da construção identitária, via a inscrição da linhagem nobre de Cristo na carne do "paciente místico", é analisada na sua consistência conceitual e vivencial, tal como vista pela teologia. E neste sentido, Ario Borges Nunes Junior dá uma bela demonstração de como psicanálise e teologia mística podem dialogar de forma rica e elegante (do prefácio de Luiz Felipe Pondé).