Ao inaugurar-se o terceiro milênio, um incômodo mal-estar, generalizado e insistente, se alastra pelas relações econômicas que privilegiam um seleto grupo de bilionários e condena milhões à pobreza e à miséria. O sistema político de participação democrática está ameaçado por toda sorte de movimentos reacionários que prezam a morte e o incremento da violência como regimes legítimos. As novas tecnologias têm se mostrado ambíguas: ao mesmo tempo em que ampliam possibilidades, também dão espaço a formas de sociabilidade calcadas em toda sorte de violência. A destruição ambiental chegou ao ponto em que a própria vida no planeta começa a ficar ameaçada. Este mundo em escombros se tornou ainda mais distópico com a chegada da pandemia. Todos esses velhos temas mencionados ganharam nova intensidade. Eles têm uma presença teimosa, como fantasmas do passado que já se imaginavam superados, mas que persistem e agora assombram ainda mais. Contudo, na voz quase solitária do papa Francisco, o verde da esperança começou a brotar neste mundo pintado em branco e preto. Discursos e atitudes do papa contrastam intensamente com o cenário atual e sugerem a possibilidade de uma nova forma de vida. Um mundo em que a morte não tenha a última palavra. Em lugar da exclusão e da miséria, o papa propõe um novo humanismo. Em lugar da destruição do planeta, Francisco propõe o cuidado com a “casa comum”. O novo humanismo põe no centro a vida. Todas as formas de vida. Tudo está interligado.