Convicções e temperos feministas, apesar de seu sabor e inegável importância para muitas pessoas, não são apreciados nos lugares de poder político e religioso da grande maioria dos países latino-americanos. Sem dúvida, as pessoas se sustentam nas convicções temperadas por muitos condimentos curtidos ao longo de séculos e culturas. Os temperos são múltiplos e variados e surgem das necessidades dos diferentes contextos históricos. Há um tempero contemporâneo chamado feminismo, o qual, preparado por mulheres de certa estirpe, na maioria das vezes é rejeitado nos cardápios dos principais lugares de dominação masculina e muito especialmente nos espaços religiosos do cristianismo. O condimento feminista é forte, uma mistura de azedume e ardência picante, além de doçura. As crenças religiosas e seus temperos emocionais têm a ver com nosso corpo, com nossas opções, com nossas políticas, nossos direitos, sobretudo por intermédio de nossas emoções herdadas e adquiridas. O caminho da consciência e da mudança é longo. Percorremos apenas algumas pequenas avenidas, sabendo que estão interligadas a muitas outras, a ruas, a vielas, a buracos escondidos, a vias sem saída, a praças abertas às brincadeiras das crianças e aos namorados que nutrem seus sonhos de amor. Depois desse aperitivo, ofereço-lhes a comida preparada com ternura e cuidado; ao saboreá-la, as leitoras/es poderão até descobrir as formas de melhorá-la introduzindo novos condimentos e formas de preparo.