Paulo esteve em Corinto no início dos anos 50, durante suasegunda viagem missionária. Ali encontrou Áquila e Priscila, pregou na sinagoga, fez alguns convertidos e recebeu oposição. As relações mais diretas do apóstolo com a comunidade, que foram intensas e tensas, a julgar pelas diversas cartas e bilhetes, perduraram até a segunda metade da década de 50. Nesse período, ele deve ter visitado os coríntios pelo menos três vezes, recebeu e enviou emissários, mandou várias cartas e bilhetes, e recebeu pelo menos uma carta deles. As duas cartas canônicas aos Coríntios devem corresponder a grande parte dessa correspondência, e são de extrema importância para interpretar Paulo, até porque, reunidas, correspondem ao maior volume literário que temos da relação deste apóstolo das origens com uma comunidade cristã. Exatamente por sua extensão, elas fornecem informações e indícios importantes, estando entre os mais conhecidos e mais frequentemente citados textos o Novo Testamento. São importantes porque nos dizem sobre as dificuldades encontradas por alguém na liderança de uma das mais importantes igrejas cristãs plantadas no séc. I. Muitas dessas dificuldades focam questões desgastantes de autoridade e liderança. A natureza do problema se torna clara na segunda carta, na qual Paulo sente-se obrigado a defender sua performance e suas qualificações como apóstolo. Incertezas sobre a liderança em Corinto produziram uma situação na qual a igreja estava em perigo de dissolver-se entre facções competitivas baseadas em personalidades, algumas delas ensinando falsas doutrinas. A primeira carta, por sua vez, contém muitas das passagens centrais da fé cristã e do pensamento teológico. É nessa carta que encontramos a versão paulina da Ceia do Senhor com as palavras de sua instituição (cap. 11), o maravilhoso cântico ao amor (cap. 13) e seu ardente testemunho da ressurreição (cap. 15).