Escrita para o contemporâneo da Devotio moderna, a Imitação de Cristo parece destinada a ascetas ou aspirantes à vida ascética. Parece. O conteúdo da obra quadra perfeitamente com o da espiritualidade de que é fruto e com seus objetivos, mas supera seu contexto histórico e seu destinatário imediato, tornando-se acessível e útil a todo cristão, ao ser humano capaz de e disposto a compreender o cristianismo naquilo que lhe é nuclear: o seguimento de Jesus Cristo. Assim, a obra não se destina exclusivamente a ascetas ou aspirantes à vida ascética, se com isso entendermos monges ou leigos devotados, em senso técnico, à vida religiosa. O próprio texto supõe um leitor não membro de uma comunidade monástica ordinária, oficialmente estabelecida, e destina-se também a alguém que vive no mundo, mas que deve pautar sua vida na vida e nos costumes de Cristo, que não é valor exclusivo para monges.