Enfim fomos felizes é uma longa carta a uma mãe que jamais morreu. Porque, poderíamos dizer, uma mãe não morre jamais: certamente não é o destino, com
suas brincadeiras infantis, que poderá nos deixar órfãos. A obra narra, com rara beleza e emoção, mas também com divertida poesia, um árduo
aprendizado. Aquilo que a protagonista põe em cena é uma espécie de pequeno circo que se desloca pela Europa e que é composto por dois cães e três
meninos, chamados Gauguin, Scoiattola e Caravaggio. Cada espetáculo é improvisado. A ela – que se dirige por escrito à mãe – cabe escolher o lugar e
montar a tenda. Cabe a ela o número de mágica mais arriscado: convencer as crianças de que o mundo é um lugar bonito, a despeito das lembranças que
atormentam seu coração.
Deixamos de ser filhos quando nos tornamos pais. Contudo, mais do que nunca precisamos dela: para saber como tornar-se mãe, ou talvez, simplesmente,
para não nos sentirmos sós. E se a mãe não está mais presente, por já ter partido, remontar à infância para criar três crianças se torna uma aventura.